ARQUITETURA DO AMANHÃ

A cidade se arma 
os prédios escondem o céu
as calçadas cobrem a terra
as sirenes calam os pássaros. 
A noite é mais poste do que estrela
e pelas manhãs
o café, 
industrializado e apressado,
diz que é hora de partir.
À cidade
incomoda a árvore
com raízes rebeldes
que quebram calçadas
e dançam a fiação. 
Logo virão os homens
já tão podados 
destinados a também podar
com suas serras elétricas
e seus mandos de destruição.
Ordem! Ordem! Ordem! 
O capital arquiteta a vida
não convém floresta
ou fluxo natural de água alguma
sequer também convém gente.
Tem obra nas margens 
para o rio não invadir
e tem espinho nos bancos
para o seu Jorge não deitar.
Porém
as árvores brotam
dos troncos que sobram
os pássaros esperam 
p a c i e n t e m e n t e
um respiro das sirenes
o sol se espreme entre os edifícios
e queima a janela de alguém
as chuvas
fazem ponte para o rio 
passar por cima
de tudo. 
O arquiteto não vê
as rachaduras na sua construção
onde espia,
sóbrio e tranquilo,
o vir-a-ser.

Fernanda Zeloschi é estudante de Psicologia, escritora teimosa e acredita nas faíscas do afeto através do @fazerafetar


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