O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas

Ontem eu troquei o meu piercing do nariz por uma argola, um pequeno sonho que, finalmente, realizei, após muitos anos. A primeira vez que coloquei um piercing no nariz foi em 2011, ao viajar para a Itália, mas, ao voltar para o Brasil, o piercing saiu e não consegui colocar novamente, então, não havia tido a chance de colocar a argola e o pequeno sonho havia ficado guardado no fundo da memória até outubro do ano passado, quando, finalmente, resolvi colocá-lo novamente.

Ao chegar em casa, não consegui dormir e, ao invés de passar uma madrugada angustiada (o que acabei passando mesmo assim), resolvi assistir a um filme e escolhi por uma indicação feita no Instagram. Liguei a televisão, entrei na Amazon Prime e escolhi “O mapa das pequenas coisas perfeitas”, achando que assistiria a mais um romance clichê que apenas me daria sono e me faria querer me apaixonar por alguém. Mas não!

Fica tranquilo! Eu também odeio spoilers e não vou fazer esse tipo de coisa com você, meu caro amigo! Mas, a sinopse do filme diz que duas pessoas ficam presas no mesmo dia que acaba se repetindo inúmeras vezes e, para tirar proveito da situação, eles resolvem procurar na cidade por todas as pequenas coisas perfeitas que aconteceram durante aquele dia. E foi isso que me deixou pensativa.

Porque, se pararmos para pensar, estamos vivendo um certo looping de 2020, não é mesmo? Como eu bem escrevi da última vez por aqui. E com o lockdown então, aí é que parece que tudo está se repetindo, por isso, precisamos fazer alguma coisa diferente, ou, pensar diferente, ou talvez, olhar para as coisas diferentes. Mas calma, eu não serei daquelas pessoas que veem a pandemia como algo bom e faz reflexões sobre como ela mudou a vida de muitas pessoas para melhor (sim, existem pessoas falando sobre isso, acredite!).

Eu quero apenas que nós procuremos as pequenas coisas perfeitas em meio a todo este caos, porque, acredite, elas estão por aí. Em meio a tudo isso, eu acabei realizando um sonho que eu tinha há tantos anos. E vejo algumas pessoas tendo seus filhos que sonharam por muitos e muitos anos também. Em casa, com nossas famílias, também podemos restaurar relações.

Estou acompanhando o crescimento da filha de um casal de amigos (por fotos, claro), e sei o quão difícil deve estar sendo tudo isso, sem ninguém por perto, mas, a cada sorriso que Malu dá, eu imagino a felicidade deles, e sorrio do lado de cá. Porque, mesmo à distância, eu a amo de um jeito tão especial que eu não sei explicar e não vou deixar toda essa dor acabar com esse amor e cada sorriso que eu vejo nas fotos. O mesmo acontece com um sobrinho japinha que eu tenho e amo terrivelmente muito.

Eu sei, eu sei. Você deve estar dizendo que, no final das contas, eu acabei falando sobre olhar para as coisas boas em meio a dor. Mas talvez eu queira apenas dizer que precisamos seguir em frente, apesar da dor, sabe? E procurar as pequenas coisas perfeitas, mesmo quando dói. Mesmo quando o coração dói de saudade de quem se foi, ainda precisamos encontrar forças para sorrir com aqueles que ficaram.

E mesmo quando o luto ainda não acabou, precisamos levantar todos os dias e forrar a cama, para colocar, pelo menos, alguma coisa em ordem. E depois preparar um café. E seguir o dia. E fazer o mesmo no dia seguinte. E procurar um bom livro para ler. E procurar prazer nas pequenas conversas informais, talvez, uma delas, seja uma conversa perfeita. E olhar mais pela janela, as nuvens, por vezes, nos surpreendem. A lua também.

Portanto, fica a sugestão: mesmo em meio ao caos, procure sempre pelas pequenas coisas perfeitas durante o dia. E sorria, quando as encontrar. E, se puder, compartilhe-as com alguém.


Karina Mendonça é jornalista e escreve desde os 17 anos, pois acredita que as palavras podem fazer coisas maravilhosas, desde mudar o mundo, até fazer alguém sorrir. Ou chorar.


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